Gerência da Paulista - Secretaria de Coordenação das Subprefeituras

Gerente e equipe,da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, exclusivos para cuidar e conservar a principal avenida da América Latina.

domingo, 5 de julho de 2009

Domingo é dia de história: Morei num dos primeiros edifícios da Paulista

por Jorge Behrens, no site São Paulo Minha Cidade

Quem passa na Avenida Paulista observa na esquina com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima o Edifício Savoy, com suas janelas de vidro dourado espelhado. Poucos talvez saibam – ou ainda se lembram – que aquele prédio já foi residencial, dividido em três blocos de apartamentos que abrigaram famílias por mais de 25 anos.
Eu nasci na Pro Matre Paulista, prédio vizinho, em 6 de janeiro de 1972 e posso dizer que minha primeira casa foi o apartamento 33 do 9º andar do Edifício Lawisa que, na época, correspondia ao bloco central do prédio e que atualmente, é ocupado por um escritório de advocacia. Minha mãe contava que foi um dos primeiros edifícios da Avenida Paulista e das janelas do apartamento avistava-se até o Morumbi, sem obstáculos à frente.
Na década de 1960, o famoso estilista Denner montou seu atelier no andar térreo, na esquina da avenida. Hoje, está ali o McDonald’s! No apartamento 33, moraram meus avós paternos Hilda Hahnemann e Isaac Lippel, de 1954 ou 1956 até o mês de novembro de 1979. Foram uns dos primeiros moradores do recém-entregue edifício, propriedade de uma família abastada da cidade.
Curioso o fato do bloco da esquina da Paulista ser de apartamentos duplex, o que deveria ser um luxo para a época. Ainda é possível, para quem passa na avenida à noite, visualizar as escadas entre os andares, quando as luzes internas se acendem.
Eu vivi a fase decadente do edifício como residencial. Lembro quando criança de seu ar sombrio, do cheiro de mofo dos elevadores revestidos de madeira; também dos vitrais de pássaros que ornamentavam a entrada do bloco central. Havia uma piscina rodeada de uma pérgula, nos fundos, que deu lugar a um piso de garagem após a reforma.
Lembro-me, também, do seu Otacílio, zelador do prédio, o qual meus pais e avós consideravam amigo. Ele veio da Bahia no final da década de 1940 e trabalhou na construção do edifício. Terminada a obra, permaneceu como zelador.
Em 1978, os proprietários venderam o prédio para o Grupo Savoy. Os inquilinos tiveram que se mudar para que os apartamentos se tornassem escritórios. Meus avós foram os últimos a fazer a mudança e lembro-me com uma certa tristeza da saída. Mas o Otacílio continuou no prédio! Trabalha lá até hoje como zelador. Mais de cinqüenta anos vividos entre aquelas paredes.
Outra lembrança que tenho dessa época era a de um casarão, também na esquina da Paulista com Eugênio de Lima, que eu via da janela da sala da minha avó. Esse casarão tinha uma pequena torre, uma espécie de mirante; era branca e rodeada de jardins. Em 1982, ele foi demolido, mas houve resistência de um grupo preservacionista que abraçou a construção na tentativa de evitar a demolição. Em vão: restam hoje apenas as grades e os portões... O terreno deu lugar a um estacionamento.
Anos mais tarde, o mesmo ocorreu com a casa dos Matarazzo. E espero que o mesmo não ocorra com a Casa das Rosas, o casarão do McDonald’s, a casa 1919, a do Bank Boston e uma outra, de estilo moderno, entre a Rua Pamplona e a Alameda Casa Branca. Acho que já há prédios demais na Paulista. E pouca coisa para se lembrar...
Que tal alguém ir até o Savoy e pedir para o seu Otacílio contar a sua história e parte da história da avenida mais emblemática de São Paulo?

Um comentário:

  1. O Savoy é lindo, não sabia que tinha sido residencial. Sobre o capítulo das mansões, parte não contada da história foi o sem número de sabotagens de especuladores imobiliários às mansões. A dos matarazzo teve sua estrutura sabotada em um 25 de janeiro. Com parte da casa "intencionalmente" comprometida, não havia mais o que "preservar". E aí foi a festa dos estacionamentos e especuladores. Acho que há 2 anos teve uma exposição no cj. nacional sobre o ataque especulador às mansões, com fotos da década de 80.

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