No dia primeiro de janeiro de 2008 parti do Rio de Janeiro com destino a minha nova cidade. Antes das 9 da manhã, já estava na orla da cidade maravilhosa, repleta de garis que ainda faziam a limpeza da festa da virada. A passagem de ônibus já estava comprada e foi só pedalar até a rodoviária e embarcar com bicicleta e tudo rumo a São Paulo. Por volta das 17h desembarquei no terminal tietê e de lá pedalei até a Avenida Nove de Julho onde fiquei hospedado.
São Paulo mostrou-se cinza na minha chegada e a melancolia do primeiro dia do ano parece que contagia um pouco as ruas, avenidas, até os prédios. A garoa só ajudou, mas não havia porque desanimar. Ao chegar na Avenida Tiradentes, o prédio do Banespa, a estação da Luz e depois um roteiro confuso em que acabei optando pela Avenida da Consolação por não ter encontrado o começo da Rua Augusta. Mesmo não sendo o ideal, o roteiro por grandes avenidas foi fácil para um ciclista já acostumado a pedalar no trânsito carioca.
Ao fim da subida da Consolação, a Praça do Ciclista. Não estava mais lá a placa improvisada que tinha ajudado o pessoal da Bicicletada a colocar em visita a São Paulo em julho de 2006. Ainda assim, estava em casa. Território conhecido. O stencil e a estátua de Francisco de Miranda não me deixavam esquecer que aquele pequeno pedaço na mais famosa avenida da cidade era cotidianamente tomado por ciclistas. Da Paulista até a Nove de Julho fui pela Augusta depois Oscar Freire.
Fiquei nas mais famosas para não errar o roteiro que tinha memorizado ainda no Rio de Janeiro.
Desde a visita em 2006 sempre percorri São Paulo pedalando. Certamente um importante motivo para aceitar a proposta de emprego e migrar para a cidade. Uma decisão difícil, mas que foi mais fácil em grande parte pela bicicleta e naturalmente por conta dos amigos ciclistas que já tinha na cidade.
Aquela história de que a bicicleta humaniza o espaço urbano creio que fui capaz de levar as últimas consequências. Sempre em duas rodas descobri aos poucos a maior metrópole do Brasil. Descobri que pelo labirinto dos casarões nos Jardins existem rotas maravilhosas para pedalar. Descobri que existe vida e alternativas além das grandes avenidas. Descobri acima de tudo que é possível a um carioca aprender a amar São Paulo por suas qualidades menos famosas. Pelo clima de cidade do interior que paira nas ruas mais tranquilas dentro dos bairros.
Até hoje sigo de bicicleta costurando e refazendo o mapa mental da cidade sempre descobrindo novas rotas, caminhos pelas bordas. Torcendo e lutando para que mais paulistanos descubram que qualquer cidade pode ser um pouco maravilhosa, basta escolher o único meio de transporte capaz de despertar em todos um certo amor pela cidade onde vivem.
Texto e fotos enviados por João Lacerda do twitter.com/transporteativo - nosso grande parceiro de twitter e de av. paulista. Valeu!
O blog: http://blog.ta.org.br/
Gerência da Paulista - Secretaria de Coordenação das Subprefeituras
- Uma nova forma de zeladoria
- Gerente e equipe,da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, exclusivos para cuidar e conservar a principal avenida da América Latina.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
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João, provavelmente você conhece melhor a cidade do que muito paulistano que apenas assiste ela passar por detrás da janelinha do carro - fechada, por medo de assalto. Cheiros, cores, sons, detalhes da paisagem e da arquitetura que escapam a quem está preocupado apenas em não deixar o carro do lado entrar na sua frente. É isso aí "mermão": aproveite a cidade, aproveite a vida.
ResponderExcluirLacerda é sinistro!
ResponderExcluirA cidade ganhou com a sua vinda!
Abraços!